Os índios indicam a vacina para qualquer distúrbio e desequilíbrio, pois afirmam que purifica o sangue por meio da eliminação das impurezas. É também usada sem qualquer sintoma, mas como o kambô para reforçar a imunidade, ou seja, preventivamente.
Inúmero relatos dos locais descrevem que após a aplicação ocorre um estado de conscientização e clareza de pensamentos, assim como sensação de harmonia e de felicidade. Há ainda a indicação de ocorrência regular de sonhos, melhora da percepção e da intuição e fortalecimento da autoestima.
Diz à lenda que uma vez os índios de uma aldeia kaxinawá ficaram muito doente, e, o pajé tentou curá-los de diversas maneiras, mas nada surtia efeito. Além dele, o sábio curandeiro ancestral da aldeia utilizou todas as ervas medicinais disponíveis, mas nada livrou aquelas pessoas da agonia. Então, em um ritual de pajelança, o pajé recebeu uma mensagem para que se embrenhasse na floresta. Lá, sob os efeitos da ayahuasca, inesperadamente recebeu a visita do grande Deus, que trazia nas mãos um sapo verde, da qual tirou uma secreção esbranquiçada nas costas do animal, e ensinou como deveria ser feita a aplicação dessa secreção nos enfermos. Voltando à aldeia da tribo, e seguindo as orientações que havia recebido, o pajé pôde curar seus irmãos e irmãos índios. A história pode nos parecer fantasiosa ou mesmo inverossímil, mas o sapo verde existe e a utilização do kambô é rotineira. Dos índios katuquinas, recebeu o nome de ‘’kambô’’, dos kaxinawas, ‘’kambu’’ ou ‘’kambô’’, também podendo ser chamada de kampu ou kempô dependendo da tribo indígena.
O efeito da vacina do sapo é imediata e curta, porém muito forte: “uma forte onda de calor, que sobe pelo corpo até a cabeça. A dilatação dos vasos sanguíneos parece provocar uma circulação mais veloz do sangue, deixando o rosto vermelho e, em seguida fica pálido. A pressão arterial fica baixa, podendo provocar náuseas, vômito e diarreia. O efeito tem duração de cerca de 15 minutos. A sensação desagradável aos poucos dá lugar à normalidade, e a pessoa se sente mais leve, como se tivesse feito uma boa limpeza, ganhando uma maior disposição”.
Desde 1980, uma série de pesquisas científicas vêm sendo realizadas sobre as propriedades da secreção dePhyllomedusa bicolor. O primeiro a “descobrir” as propriedades da secreção para a ciência atual foi um grupo de pesquisadores italianos. Amostras de rãs foram levadas do Peru para um pesquisador nos Estados Unidos que já havia pesquisado e patenteado anteriormente substâncias da espécie ranária Epipedobates tricolor, utilizada tradicionalmente pelos povos indígenas de Equador.
Também foram publicadas pesquisas sobre as propriedades da secreção por cientistas franceses e israelitas. Mais recente, a mídia informou que a Universidade de Kentucky (EUA) está pesquisando e já patenteando, uma das substâncias encontradas na secreção do sapo em colaboração com a empresa farmacêutica Zymogenetics.
Há ainda literaturas que indicam resultados surpreendentes, com o detalhamento e catalogação de uma série de substâncias altamente eficazes, sendo as principais a dermorfina e a deltorfina, pertencentes ao grupo dos peptídeos. Estes dois peptídeos eram desconhecidos antes das pesquisas de Phyllomedusa bicolor. Dermorfina é um potente analgésico e deltorfina pode ser aplicada no tratamento da isquemia (bloqueio de circulação sanguínea e de oxigênio que pode causar acidente cerebral vascular, popularmente conhecido como derrame). As substâncias secretada pelo sapo também possui propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico.
Apesar da autoridade sanitária brasileira (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa) determinar a suspensão de toda propaganda ou divulgação sobre a Vacina do Sapo – sob alegações de que não há comprovação científica da eficácia das propriedades terapêuticas e/ou medicinais veiculadas (por meio da Resolução – RE nº 8) -, o cientista Italiano da Universidade de Roma, professor Vittorio Erspamer, indicado duas vezes para o Prêmio Nobel, concluiu contrário a este parecer da Anvisa. Dentro os estudos mais contundentes de Erspamer está a descoberta da serotonina*. Por meio de suas pesquisas, Erspamer concluiu que a kambô contém um “coquetel fantástico de substâncias com vasto potencial para aplicações médicas, não comparável a qualquer outro anfíbio”.
No final dos anos 1950, o cientista concentrou suas pesquisas nos peptídeos. No laboratório da Universidade Médica Farmacológica de Roma, desenvolveu estudos em animais anfíbios, crustáceos e moluscos, que foram objetos de numerosas pesquisas na Europa e América do Norte. Em 1979, por evidências técnicas, ele se concentrou no estudo no peptídeos opióides Phillimedusa, sapo específico da América do Sul, em especial na parte ocidental da Floresta Amazônica, e, em especial na faixa da fronteira entre Peru, Bolívia e Brasil (nos estados de Roraima e Acre). Esta substância é aplicada pelos índios nativos da região para aumento de suas habilidades como caçadores, fazendo com que sintam-se “invencíveis” e com a atenção e motivação em excelente estado.
*Nota: Comer doces, Serotonina e Triptofano
Alguns pacientes com quadro de ansiedade e/ou depressão se queixam de uma vontade aumentada de comer doces, incluindo chocolates. Foi tratando-se esses casos com antidepressivos que aumentam a disponibilidade de serotonina e estudando-se a farmacologia da sibutramina, indicada para a compulsão alimentar, notadamente para doces, que a relação sibutramina-ingestão de doces foi estabelecida.
A serotonina além de desempenhar importantes funções no sistema nervoso, tais como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, da temperatura corporal, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas, também regula a saciedade alimentar.
Soube-se assim que níveis baixos de serotonina, particularmente numa estrutura cerebral chamada hipotálamo, desencadeiam sensação de necessidade de alimentos (particularmente de doces) além do mal-estar emocional. Assim como outros doces, o chocolate parece aumentar o nível de serotonina no hipotálamo, levando ao desaparecimento ou à atenuação da necessidade de comer açúcar e do mal-estar. Por causa disso acredita-se que os “chocólatras” sejam pessoas que vez por outra apresentam níveis baixos de serotonina e consequente mal-estar que desaparece com a ingestão do chocolate.
Dessa forma, sabe-se há tempos que a falta da serotonina tem sido relacionada a doenças como o mal de Parkinson, distonia neuromuscular, depressão, ansiedade, comportamento compulsivo, agressividade, problemas afetivos e, mais recentemente, com o aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos.
A sibutramina é uma substância que restabelece as taxas normais de serotonina, fazendo a pessoa atingir mais facilmente a saciedade e conseguir maior controle sobre a ingestão de açúcares. Outros medicamentos que também aumentam a taxa de serotonina são cada vez mais utilizados para emagrecer. A sibutramina e a fluoxetina, medicamentos antidepressivos, costumam proporcionar maior controle sobre o apetite, especialmente para doces.
Mas, paradoxalmente, e ainda não se sabe bem porque, a maioria dos outros antidepressivos parece fazer efeito contrário, resultando em aumento do peso. Hoje em dia, juntamente com o comprometimento da função sexual, um dos diferenciais mais valorizados entre os antidepressivos é exatamente saber qual proporciona menor aumento de peso. Por outro lado, nos casos onde o aumento de peso foi conseqüência da ansiedade e aconteceu antes do início do tratamento com antidepressivos, esses podem proporcionar emagrecimento.
O L-Triptofano é um aminoácido neutro precursor da síntese da serotonina. Variações nos níveis séricos do triptofano podem alterar a concentração de serotonina no cérebro. Desse modo, o triptofano têm sido prescrito como forma de potencializar os efeitos de antidepressivos. Alimentos ricos em proteínas, como carne bovina e de peru, peixe, leite e seus derivados, amendoim, tâmara, banana etc., contêm o L-Triptofano, o nutriente que regula a produção de serotonina.
Fontes:
Daly, Max (2016) Mit Froschgift gegen Depressionen und Alkoholpleme. Dispon;ivel em https://www.vice.com/de/article/yv4zym/kambo-froschgift-zur-behandlung-von-depressionen-und-alkoholproblemen
Erspamer, V. Medical Research on Kambo. Disponível em http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/ e http://www.kambomedicinaitalia.org/ricerca.htm
lLabate, B.C.; Lima, E. C. Medical Drug or Shamanic Power Plant: The Uses of Kambô in Brazil. Disponível em https://pontourbe.revues.org/2384?lang=pt
Lattazi, G Kambô: Scientific Research and Healing Treatments Disponível em http://www.heartoftheinitiate.com/files/Kambo-Scientific-Research-Healing-Treatments.pdf
Vargas, F El Kambó, la medicina que hace milagros con el sudor de una rana. Disponível em http://www.emol.com/noticias/Tendencias/2014/05/30/740431/El-Kambo-la-medicina-que-hace-milagros-con-el-sudor-de-una-rana.html
Blog Medicinas da Floresta Disponível em: http://medicinasdafloresta.blogspot.com.br/
Internacional Assocation of Kambo Practitioners – http://iakp.org/research-links/4584763576
Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Z0PXnAqPSks
https://www.youtube.com/watch?v=szXE36SC0t8
http://www.kamboalchemy.com/medical-research-on-kambo/